Era criança e estudava em um educandário muito tradicional na minha cidade: no dia da pátria nos agrupavam em fileiras indianas e colocávamos nossas mãos nos peitos para cantar o hino nacional, por sinal tocado em uma vitrola inacreditável (daquelas com um megafone acoplado). Seu João era o inspetor e porteiro que nos prendia quando, mais por inocência que malícia, caçávamos grilos nos matagais vizinhos das salas de aula e era ele mesmo, já senhor, que com uma paciência realmente admirável apontava nossos lápis de grafite com seu canivete pica-fumo. Era um modelo cujo cabo plástico imitava madeira e que até hoje é bastante famoso, sendo fabricado até pela renomada Tramontina. Aquela imagem do Sr. João permaneceu na minha memória por muito tempo, ainda que eu não tivesse até adolescente a vontade de possuir um canivete para uso cotidiano. De fato, foi em uma feira de ciências de minha escola, no primeiro ano do Ensino Médio, que vi uma novidade: meu professor de biologia foi co